18 de setembro de 2015

Surtos de leishmaniose decorrente de desmatamentos



A leishmaniose é uma doença causada pelo protozoário Leishmania e pode apresentar duas formas: leishmaniose tegumentar (cutânea) e a visceral (acomete as vísceras).

É transmitida pela picada da fêmea do mosquito comumente conhecido como mosquito-palha. O ambiente que necessitam para colocarem seus ovos é úmido e próximo a matas, por isso, é onde são geralmente encontradas.

Devido ao crescimento do desmatamento para implantação de agricultura, expansão de área urbana e construção de estradas, vem ocorrendo aumento gradual de temperatura, o que propicia o aumento da população de insetos, inclusive do mosquito-palha. Com a migração de mamíferos silvestres por causa da perda de habitat, esse flebotomíneo perde alimento e é, também, forçado a migrar e o local acaba sendo áreas urbanas.

Com isso, os humanos e animais domésticos – que acabam tomando o lugar de reservatórios silvestres do parasita Leishmania – estão entrando em contato cada vez mais frequente com essa doença que, antes se restringia apenas a matas nativas.

"Com a leishmaniose acontece o mesmo processo da dengue. O mosquito que vive na floresta perde seu hábitat e vai para a cidade, onde cria um novo ambiente e substitui seus hospedeiros naturais - os mamíferos silvestres - por cães ou por homens. Quanto mais desmatamento, mais casos da doença irão aparecer", declarou Alessandra Nava, veterinária, especialista em Medicina da Conservação do Instituto de Pesquisas Ecológicas, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em julho de 2003.

  • Todo ano, a estimativa é que 2 milhões de casos de leishmaniose são registrados segundo Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre 20 mil e 40 mil pessoas morrem todo ano.

  • No Brasil, o Ministério da Saúde estima que 3 mil pessoas são contaminadas anualmente e 2,7 mil morreram entre 2000 e 2011. Os maiores índices foram registrados no Pará, no Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, em São Paulo, na Bahia e em Minas Gerais.

  • De janeiro a julho de 2014, foram sacrificados 8.536 cães, numa média de 1.210 por mês, com 94,6% (em torno de 8 mil) deles com leishmaniose segundo Centro de Zoonoses.

As medidas de prevenção que podem ser feitas pelas pessoas contra essa doença é, basicamente, manter áreas, onde possam haver decomposição de material orgânico, limpas e evitar residir próximo a matas. Em casos de visitas a tais áreas, ter posse de repelente. Para o cuidado com os cães, é indicado o uso de coleiras repelentes.

O diagnóstico no início da doença evita seu desenvolvimento e a probabilidade do paciente melhorar com o tratamento é alta.






2 comentários:

  1. O mosquito-palha se vê sem espaço em sua "ilha", e é forçado a deslocar para a mais próxima, e a matriz em que percola é, em sua grande maioria, centros urbanos. Essas matrizes impermeáveis dificultam a emigração do mosquito-palha, o qual é forçado a encontrar moradias provisórias nos próprios centros urbanos. Infelizmente quanto mais desmatamento realizamos, mais suscetíveis estamos de contrair "doenças da mata".

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  2. O ser humano tem a consciência dos efeitos do desmatamento, mas infelizmente não toma iniciativas para reverter e impedir o quadro de impactos ambientais. Cada vez que há desmatamento há perdas de espécies, surto de doenças, descontrole de temperatura e entre outros. O próprio homem é quem sofre as consequências. Assim como Leishmania várias outras espécies causadores de doenças podem se migrar para regiões próximas a área desmatada em busca de abrigo e recurso trazendo prejuízos a uma determinada população.

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